quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Repertórios dos artistas

Nunca vi escrita a observação que vou fazer de seguida.

Os músicos de géneros mais pesados têm uma amplitude de repertório muito maior do que os restantes músicos, principalmente os músicos de canções românticas, baladas e outras canções ditas leves.

Por exemplo, qualquer banda de heavy metal pode tocar uma balada, enquanto que um cantor romântico apenas pode tocar num registo próximo do seu género. A tal banda de heavy metal pode, no entanto, tocar canções pesadas, fazer fusão de géneros, canções de "peso" médio e as baladas mais melosas que já se ouviu. Às vezes de melhor qualidade do que os profissionais do romance...

Aquele artista já não é o que era

Após alguns anos de sucesso muitos artistas são acusados pelos "fãs" de terem perdido qualidades. Por exemplo, que os primeiros álbuns da banda X é que eram bons e que os mais recentes já não têm a mesma mística. Ou que determinado humorísta já não tem a graça de antigamente.

A verdade é que os artistas têm as melhores ideias no princípio das suas carreiras. E aí surge o sucesso. A partir daí os artistas, muitas vezes surpreendidos pela recepção positiva do público, começam a sentir a pressão para recriar algo do mesmo nível. Alguns conseguem e duram décadas, outros desaparecem ou apenas aparecem para cantar aquele hit.
Mesmo os artistas mais duradouros estão sujeitos ao efeito da diminuição da inspiração, que começa a esbater-se dependendo do grau de criatividade do artista 1) até estabilizar como uma estrela anã arde a baixas temperaturas ou 2) o artista fica a viver na sombra dos seus sucessos ou 3) o artista continua a produzir material próximo do original mas sem o fulgor de antes (como alguns apontam).

É engraçado reparar que muitos artistas se mantêm apoiados pelos fãs após trabalhos menos conseguidos porque os fãs ainda vivem na esperança/expectativa de que os seus artistas preferidos voltem a dar-lhes material de primeira qualidade um dia... É mais ou menos a mesma ideia de um marido viver com a sua mulher mais velha e menos cuidada porque ainda vive na ilusão daquilo que ela era quando estava jovem e sexy.

Para o ponto 3), a explicação para o material mudar sejam canções, piadas, livros é bastante simples. Os músicos, humoristas, escritores, etc, sendo seres humanos a expressar-se criativamente, libertam-se através da sua mensagem (música, piadas, escrita) como se de uma terapia se tratasse e, uma vez a mensagem comunicada, mudam internamente como pessoas e começam a desejar expressar-se de forma diferente. 
Por exemplo, uma banda que atinge o sucesso quando os seus elementos estão na casa dos 20 anos verá a sua sonoridade a mudar à medida que os seus elementos/autores das canções percorrerem as transformações pessoais próprias da idade aos 30, 40, 50, etc.

Da mesma forma, uma pessoa que nunca saiu à noite na sua juventude ou não passou por determinada experiência nos seus primeiros anos de vida manterá esse desejo na sua mente, nunca o libertando enquanto não o viver. Assim, podemos observar pessoas de 20, 30, 40, 50 anos a revelarem comportamentos ou desejos aparentemente estranhos à idade. Porquê? Porque ficaram retidos na sua lista de vontades e tinham de ser expressados. Tal como o vapor de água tem de sair da panela de pressão...

Resumo: 
1. a inspiração dos artistas diminui ao longo do tempo e a qualidade do seu trabalho também. 
2. Há artistas que não são bem artistas; são aqueles que conseguiram ter os seus 15 minutos de fama e que não tiveram capacidade para criar material para dar continuidade ao seu hit; é por isso que existem tantos artistas conhecidos por apenas uma canção.
3. Os artistas que estão no activo por décadas revelam uma variação no aspecto dos seus trabalhos (música, livros, etc) porque eles próprios mudam e têm necessidade de se expressar de novas formas.

Sotaques Portugueses (com vídeo)

O vídeo que coloquei abaixo fez-me pensar no futuro dos sotaques em Portugal. Depois de no Prós e Contras ter havido o debate "Deus ainda tem Futuro?", faço agora uma pequena reflexão sobre "Os Sotaques ainda têm futuro?".

Este vídeo, de forma humorística, critica o facto de os professores mandarem vir com os alunos algarvios por falarem com sotaque algarvio. E que tal coisa nunca aconteceria com alunos dos Açores, Trás-os-Montes ou do Porto. Vejam o vídeo que vão aprender umas coisas sobre as expressões e o falar do Algarve. Podem ouvi-lo enquanto lêem este post.

Mas o que queria realmente dizer neste post é o seguinte: os sotaques Portugueses podem estar em vias de extinção! (1)
Hoje em dia, o palco dos sotaques são as próprias regiões de onde eles têm origem. E com a migração dos jovens dessas regiões para as grandes cidades (principalmente Lisboa) e com os pais e avós a morrer mais cedo ou mais tarde, vão deixar de existir pessoas com sotaque. Os próprios jovens conseguem perder o seu sotaque natural em 5, 10, 15 anos de convívio com pessoas sem sotaque (2). E quando estes jovens perderem os seus pais, avós e outros falantes do seu sotaque, perderão as pessoas com quem o podem praticar (3). 

Com a falta de condições para os jovens regressarem às suas terras e recuperarem a sua forma de falar, a consequência é, numa questão de décadas (é só dar tempo para morrerem algumas gerações), a uniformização do "sotaque" português para aquele que é usado na comunicação social, uma das principais responsáveis pela provável extinção dos sotaques no nosso país. Até há pivots jornalistas, claramente da região Norte, a dissimular o seu sotaque para falar à Lisboa. Talvez o facto de o Porto Canal parecer genuíno, ao ter apresentadores com sotaque do Norte, explique a adesão por parte dos telespectadores...

Vivam os sotaques!


Notas:
(1) E qual é o problema de se perderem os sotaques? - perguntam alguns. A verdade é que se perde uma componente essencial da cultura portuguesa. O sotaque não é apenas uma forma de falar diferente do Português padrão ou de Lisboa (e hoje em dia quantos são os lisboetas de Lisboa?). O sotaque é um baú valioso que contém séculos de História de uma região, de como a população evoluiu, contém inúmeras expressões específicas ao quotidiano dessa população antiga, fazendo referências à agricultura, aos seus instrumentos, à sua mentalidade, à sua rudeza, à sua saloiice, mas também à sua inteligência prática. Se perdermos o conhecimento que está fundido aos sotaques perderemos as referências culturais que contribuem para definir o que é ser Português. E a falta que nos fazem as (boas) referências nos dias de hoje...
(2) O sotaque perde-se pelo contacto com outros, mas também através de uma forma subtil de bullying, em que o falante apercebe-se de que os outros não o compreendem ou o gozam pelo sotaque, e este gradualmente começa a modificar a sua forma de falar até que não se notem traços do seu sotaque.
(3) O ser humano consegue ter 2 sotaques dentro de si (ou mais?). Um sotaque mais próximo do português padrão para os momentos mais formais e outro sotaque para falar com a família e vizinhos da sua terra.

Casa dos Segredos - parte 2

O post sobre a Casa dos Segredos (CdS) inspirou-me para outra observação que pode ser feita ao nível do comportamento dos concorrentes e da sociedade em geral.

Os concorrentes estão dentro daquela casa 24 sobre 24 horas. Às vezes estão contentes, outras vezes tristes, outras vezes chateados e até cheios de raiva, envolvendo-se em acesas discussões uns com os outros. De vez em quando a Voz fala com eles, dá-lhes instruções ou qualquer tipo de informação. Nas "galas" recebem o feedback da Teresa Guillherme pelas patetices feitas ao longo dos dias. Seja através da Voz, da Teresa Guilherme ou de alguma carta de um familiar, os concorrentes sabem que estão a ser observados e avaliados, e muitas vezes apontam-lhes o dedo devido à conduta menos boa.

Apesar de toda esta vigilância, o comportamento dos concorrentes não é praticamente afectado; ou se é, as tendências comportamentais manifestam-se na mesma. A minha questão é: se as pessoas que observam os concorrentes estivessem na mesma sala que eles, o comportamento seria igual? Acredito que não.

Agora vamos assumir que Deus existe. E que Deus nos observa a todo o momento. E nos avalia. 
Há muitas pessoas que acreditam na existência de Deus, que se dizem seguidoras de uma religião monoteísta, mas frequentemente comportam-se como quem ignora os princípios dessa religião, ignorando simultaneamente o deus que adoram e que dizem seguir. 

A este comportamento, tal como demonstrado pelos concorrentes da CdS, vou-me arriscar a designar por Síndrome da Vigilância de Deus. É basicamente um síndrome em que as pessoas revelam um comportamento imoral, sabendo que estão a ser observadas, mas que mantêm o comportamento porque têm a ilusão de que não estão a ser observadas. Usam a máxima "o que não se vê não existe".

Aqui ficam algumas questões para reflexão:
1. Quantas vezes esta síndrome está oculta pelo facto de estarmos na presença física de alguém?
2. Será esta a razão para tantos males no mundo apesar de biliões de crentes em Deus?
3. Os altos responsáveis do Vaticano acreditarão realmente em Deus ou simplesmente assumem que por não O verem têm carta branca para determinados actos?

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Por que é que as mulheres vivem mais do que os homens?

Todos sabem que, pelo menos no mundo ocidental, as mulheres vivem mais tempo do que os homens.
Quais as razões?
Bem, não são as mulheres que vivem mais tempo. Na realidade são os homens que vivem menos. Acontece que os homens que vivem com uma mulher com a qual têm uma relação amorosa (esposa, namorada, o que quer que seja) estão sujeitos a um certo tipo de agressão de que ninguém fala, até porque quem normalmente fala destas coisas são as mulheres e elas não têm consciência disto. E os homens também não falam disto com os outros homens porque daria a impressão de fraqueza. E tal como é politicamente incorrecto ser racista, também não é aceite ser machista ou fazer queixas da mulher a este nível.

Já repararam que é o homem que, por ser mais forte fisicamente, tem de carregar os pesos todos lá em casa? E a mulher poupa as suas costinhas de todas essas vezes ao longo da vida... Claro que todos os outros trabalhos pesados são para ele, já que ele, sendo homem, tem a obrigação de o fazer porque "todos os homens têm jeito para essas coisas (diz ela "os outros maridos sabem fazer, logo se tu não sabes é porque não prestas para nada" -> primeira agressão).
Outra situação, é quando a mulher em conversa com as amigas e na presença do marido começa a criticar o marido por não ser como o marido das outras, que faz isto e aquilo (segunda agressão).
Já repararam também que muitos homens são mais para o calado enquanto a mulher é faladora? Pois, isso não é apenas porque ele é mais de acção e ela de comunicação. Também resulta de inúmeros episódios em que o homem percebeu que ganha mais em estar calado e a acatar as ordens da mulher do que em expressar a sua opinião. Porque quando o fazia nos primeiros anos de namoro era imediatamente atacado (terceira agressão). Assim, o homem pouco a pouco adquiriu um mutismo selectivo que se activa com a presença da sua mulher e se desactiva quando está com os amigos e outras pessoas (ou pensavam que os homens gostam de jogar ao jogo do silêncio?).

É interessante observar que alguns desenhos animados para crianças já mostram este tipo de comportamento. Uma vez vi uns desenhos animados em que estava uma menina brincar com um menino, e esta pedia-lhe um brinquedo para brincarem juntos. Sempre que o menino lhe sugeria um brinquedo, a menina fazia-se esquisita, recusava a sugestão e pedia-lhe outro brinquedo. O menino encavacado lá tentava satisfazer o capricho da menina em várias tentativas, até que ela escolheu precisamente o brinquedo que ele não estava disposto a emprestar. Esta situação é representativa da desigualdade que existe na realidade em muitas casas, ou seja, a mulher pede algo (exige) ao marido e este tem de lhe dar, senão há discussão. E como os homens detestam discussões e chatices, principalmente com voz feminina envolvida, lá acabam por dizer que sim e pronto (uff, já me safei). 

Também em algumas sitcoms americanas com casais, o homem é retratado como básico, como uma criança grande, insensível às necessidades da mulher e dos outros, que só pensa em ver desporto e em sexo. A mulher, por outro lado, é a (pessoa) responsável e madura, a que se preocupa com os outros, e até, a detentora única da moral, do correcto e do errado (principalmente se o homem faz algo de errado). Mas, nestas sitcoms, a mulher também é aquela que não tem qualquer problema em inferiorizar o marido, fazendo dele empregado quando lhe é conveniente, obrigando-o a fazer coisas que ele não quer fazer e fazendo chantagem com o sexo. Antigamente era a mulher a inferiorizada, a empregada, a submissa. Agora, parte do mundo inverteu-se. O homem, no final, lá acaba por se comportar como um humano submisso e conformado com as vontades da mulher.

O mais grave é verificar a diferença de critérios que existe entre homem e mulher. A mulher faz A, o homem critica-a e ela arma uma discussão dizendo que ela faz o que bem entender e que ele não tem nada a apontar-lhe. Noutro dia, o homem faz A. O que acontece? A mulher critica-o e faz um escândalo por isso e que ele devia ter vergonha. O homem recorda-lhe que ela já fez o mesmo, mas ela já está tão exaltada que não adianta falar com ela e então ele desiste porque detesta discussões...

Quantos homens não andarão por aí inferiorizados, amputados nos seus sonhos, vivendo como sombras, travados sempre que tentam libertar-se ao querer viver de acordo com a sua essência? Quantos viram as suas mulheres ignorá-los após a vinda dos filhos, tratando-os como os robots de que elas precisavam para serem mães? A partir daí nunca mais as suas necessidades são consideradas. Mas as mulheres-mãe, essas sim, continuam a ter as suas necessidades. Querem a atenção dos maridos, querem ajuda para cuidar dos filhos e tratar da casa, querem que o marido pague as contas todas, querem decidir para onde vão passar férias no Verão, querem decidir para onde vão passear no fim de semana, querem comprar umas cortinas novas para sala que só elas gostam, querem comprar montanhas de sapatos sem pensar se terão espaço para os arrumar em casa, querem as gavetas todas do armário para colocar as mil e uma bugigangas delas (e o homem só tem direito a uma), querem liderar a casa delegando a seu bel-prazer tarefas aos maridos de acordo com as prioridades delas, querem escolher o carro que vão comprar sem perceberem nada de carros, depois querem escolher a cor do carro e até querem escolher a roupa que o marido veste.

Depois, muitas mulheres levam o tempo todo a queixar-se (ao marido) de tudo e mais alguma coisa. É porque se sentem gordas, porque não têm roupa suficiente, porque uma amiga lhes isso "aquilo", porque não gostaram da atitude da pessoa X, porque estão cansadas, porque têm uma dor (e é sempre uma dor num sítio diferente), porque gostavam de ter uma vida diferente, porque queriam viajar mais, porque chove e gostavam que estivesse sol, porque está demasiado calor, porque não recebem carinhos do marido, porque os maridos não tomam iniciativa para nada, porque há muito tempo que não saem só os dois, porque a mala de ombro é pequena demais para o que elas precisavam, porque não encontra roupa que gostem... 
O homem, neste caso, é uma esponja que absorve as energias negativas existentes nas queixas da mulher. E isso deixa marcas...nele.

E a mulher pode queixar-se à vontade porque a mulher tem permissão para demonstrar fraqueza, mesmo ao marido. E o marido tem de ser compreensivo e sensível aos seus sentimentos. Por outro lado, o marido não pode demonstrar fraqueza, principalmente à sua mulher. Certamente, a sua fraqueza seria explorada pela mulher num futuro próximo. E quanto à compreensão e sensibilidade da mulher para com o marido? Diferença de critérios...

Qual é o resultado de tudo isto?
A resposta é: o homem vai morrendo aos poucos por dentro, agredido psicologicamente pela sua própria mulher, sem esta se dar conta. E após décadas nesta "vida", desgastado, saturado e conformado, o homem vai e a mulher fica. 
E depois elas ainda acham que são mais fortes do que os homens, porque vivem mais.

P.S. - Obviamente que os homens vivem menos do que as mulheres por outras razões mais científicas. Há ainda muitas viúvas daquela geração em que os homens é que mandavam, por isso as mulheres estão inocentes.

P.S. 2 - E os homens solteiros? Esses vivem menos também porque se metem na borga. :)

P.S. 3 - O estereótipo da mulher dona-de-casa e do homem que sustenta e protege a família ainda existe. E numa sociedade em que os dois elementos trabalham fora de casa, cada um deles aproveita os papéis associados a esse estereótipo. A mulher exige ao homem que trabalhe, faça os trabalhos pesados e que seja forte (pelo menos que não seja fraco). E o homem exige à mulher que trate da casa, cuide dos filhos e cozinhe.

Video do dia

Para rir um bocado...


Frase do dia

"Those who make peaceful revolution impossible will make violent revolution inevitable."
John F. Kennedy

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Canção do dia (Valsa de um dia triste)


Frase do dia

Não é possível ver no escuro, nem com excesso de luz.

Concursos da TV

Nos últimos anos têm proliferado os concursos/reality shows na TV. É programas para concorrentes que querem perder peso, outros que querem ser chefs, outros que constroem casas para depois vender, outros que querem ser cantores ou bailarinos, outros têm um talento para mostrar, etc, etc...
Mas aqueles em que me gostaria de focar hoje são os concursos como MasterChefs, Ídolos, The Voice e Factor X. Para mim, todos eles têm a mesma característica em comum: pretendem produzir um profissional numa área artística em muito pouco tempo (vá lá, um protótipo) e exercendo um grau de stress elevado em todo o processo. No fundo, estes programas criam a ilusão de que um chef de cozinha pode ser formado em poucos meses ou que um cantor pode aprender a cantar também em pouco tempo. Para além disso, é uma aprendizagem sob stress e em que as falhas praticamente não são toleradas (os concorrentes têm tantos aspectos em que se focar, claro que há-de haver alguma falha).

O que acontece nestes concursos contraria a vida real em termos de tempo de formação e no pelo facto de que os concorrentes quase não têm margem para cometer erros e, se os cometerem, é porque são fracos e não merecem vencer. E nunca serão ninguém porque falharam quando não podiam. Aqui segue-se a mentalidade do loser à lá EUA (o falhado, o perdedor). Na vida real, uma das poucas situações que me ocorre em que quase não se pode falhar é no dia dos exames nacionais do 12º ano. E ainda assim, pode-se repetir o exame.

Gosto mais do MasterChef Austrália do que o dos EUA. O primeiro é bem-disposto, parece haver alguma camaradagem (apesar da competição) e cozinham com alegria. Talvez fruto da postura descontraída dos autralianos. No segundo, há um enorme stress provocado pelos jurados, pela exigência, pelas falhas que cometeram em cada prato e pelas expectativas (do jurados) que não cumpriram. E o espírito de competição é horrível, gerando ódios e desejos de que fulano seja eliminado na prova seguinte. Se se diz que a comida confeccionada com amor sabe ainda melhor, não sei como saberão aqueles pratos produzidos em clima de quase terror, ansiedade, ambição de vencer só para não ser um loser e desejo de pisar o adversário... Devem ser pratos cheios de boas energias... Às vezes tenho pena dos americanos por terem de viver num ambiente tão competitivo, onde só há o sucesso e o insucesso, a vitória e a derrota, o vencedor e o perdedor, que ao falhar naquele momento nunca terá a hipótese de deixar esse rótulo.

Mas voltando à ideia inicial, são concursos de fazer "profissionais" à pressão (1). No caso dos concursos Ídolos, Factor X, The Voice e outros, colocam pessoas habitualmente jovens, pouco experientes, raramente com estudos em música, a ensaiar canções semana após semana e lá conseguem apresentar algo mostrável (ainda assim bastante digno; eu não faria melhor). Tal como nos concursos dos chefs, estão a aprender à pressão (2), para se sujeitarem ao público nacional na TV e ao internacional porque hoje em dia tudo vai parar ao Youtube. E semana após semana um dos concorrentes é eliminado porque as regras dizem que sim ou porque é menos bonito do que os outros e porque vencedor só pode haver um. E quando alguém é eliminado chora desalmadamente, como se as oportunidades de trabalhar na música se tivessem esgotado para sempre. Não lhe explicaram que vão ser todos eliminados menos um, que é o vencedor (3)? E logo hoje em dia que há tantos concursos. Não passam num, podem tentar noutro. Ou vão estudar numa escola de música, em que aprendem mais e de forma mais sólida do que num concurso (sim, demora mais tempo, mas queriam fácil e rápido?).

E quanto aos títulos dos concursos: Ídolos, The Voice, Factor X. Já houve algum vencedor que se tivesse tornado num ídolo? Já houve algum detentor de uma voz extraordinária? Já houve algum vencedor que tivesse uma característica (factor) tão única que até o fizesse brilhar no escuro? Talentos assim surgem em pequenas quantidades e uma vez em décadas. E ainda assim, seguem-se temporadas e temporadas deste tipo de concursos. Assim quase que se banaliza o talento. 

Todos têm direito a serem talentosos e a lutar pelos seus sonhos aproveitando os seus talentos, mas a maioria das pessoas só vai conseguir atingir o sucesso se trabalhar, se se aperfeiçoar e dedicar com muita vontade ao seu "talento". E isto requer tempo (4). E que os concursos não dão. Por isso, depois do concurso, os chefs (os vencedores) terão de estagiar com chefs mais experientes e trabalhar muito. E os cantores vencedores terão de trabalhar mais a sua voz, tomar consciência das suas características e, na prática, terão de receber algum tipo de formação que lhes permita movimentarem-se no meio de outros músicos. Senão serão apenas bons papagaios de karaoke para as canções que praticaram naquelas semanas. No fundo, pode-se ver estes concorrentes como um estudante que terminou a sua licenciatura com 18, mas que só no mercado de trabalho é que vai perceber se é realmente bom. E mesmo assim ainda terá muito para evoluir.

Gostava que estes concursos tivessem uns pequenos momentos para ensinar algo ao espectador. Como no Querido Mudei a Casa que em alguns segundos dá umas dicas de bricolage e afins. Nos concursos de chefs podiam explicar o significado de "beringir" ou "selar a carne", só para dar exemplos. O espectador agradecia.
Ah e podiam pedir aos espectadores que confeccionassem os pratos mostrados no concurso e depois carregassem os vídeos do resultado. Os melhores recebiam prémios. É só uma ideia...

Notas: 
(1) claro que o objectivo não é esse. Isto é a indústria do entretenimento, é para entreter. Mas a mensagem que passa é que alguém entra, faz umas provas e torna-se muito bom. E os anos de treino e de empenho antes da entrada no concurso?
(2) Esta exigência de aprendizagem rápida é reflexo dos tempos de hoje. Temos de ser bons, rápidos a apanhar tudo o que nos dizem, não nos esquecermos de nada, equilibrados a todos os níveis, fluentes em uma ou mais línguas estrangeiras e não se pode falhar, principalmente quando há pressão...
(3) Na realidade, aqueles que demonstram valor são contactados posteriormente por alguém da indústria ou encontram emprego como apresentadores ou modelos.
(4) Mesmo os músicos profissionais demoram meses ou anos a aprenderem e aperfeiçoarem as suas canções para que estas lhes saiam naturalmente. Nestes concursos, os concorrentes têm habitualmente uma semana para ensaiar. Só têm as vantagens de já terem ouvido a canção muitas vezes e de poderem dar a sua interpretação em vez de seguirem o original.

domingo, 7 de dezembro de 2014

19 efeitos secundários do excesso de cafeína

Uma vez que muitos Portugueses simplesmente não funcionam sem doses regulares de café, aqui fica o link para os 19 efeitos secundários do excesso de cafeína.

Nota: não sei as fontes que fundamentam o artigo. Apenas fica o link para consideração dos leitores.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Casa dos Segredos - um caso de estudo

Muito (mal) se diz dos participantes da Casa dos Segredos.

É verdade que não são as pessoas mais exemplares do mundo, mas, coitados, são cobaias de uma experiência em ambiente controlado. 
Ora vejamos:
São colocados num grupo de pessoas com tendência para o conflito rápido e de convicções fortes (embora vazias). Habitualmente são homens e mulheres com boa aparência física, o que promove a tensão sexual entre concorrentes facilmente. Muitas vezes, os próprios concorrentes já se conhecem experiências anteriores (foram escolhidos a dedo!) e alimentar conflitos e intrigas é facílimo. 
Fechados numa casa com homens e mulheres atraentes, são levados a contactos físicos por via de massagens e stripteases. Até há piscina para andarem quase nus e nuas e irem tentando o vizinho do lado...Será fácil para estas pessoas controlar as hormonas em tal ambiente? Mesmo que cada um dos concorrentes estivesse na sua casa na sua vida normal, será que conseguiria manter um regime de abstinência de 3 meses?

O facto de estarem juntos 24 horas por dia também intensifica bastante as relações e as reacções a cada situação. O que é suposto acontecer quando as mesmas pessoas estão juntas durante tanto tempo consecutivo? Há famílias que quando vão de férias durante uns dias passam o tempo num tumulto. Perdem a paciência uns com os outros e é só discussões...
O ambiente competitivo também faz parte da Casa. A vontade de ganhar o prémio final e de se manter na Casa a todo o custo transforma o comportamento das pessoas e, mais uma vez, permite testar com várias "provas" até que ponto esse comportamento é moldável.
Depois, as perguntas e insinuações da Teresa Guilherme, sempre à procura de namoros (ou de os incitar), de intrigas, do "ele disse que tu eras..."; no fundo, a manipular as emoções dos concorrentes. É claro que não é fácil para eles não reagir.
Mais tarde, as famílias dos concorrentes, como que uma extensão daquilo que acontece na Casa, atiçam-se umas às outras (ou deixam-se atiçar) e é o descalabro...

Já se sabe que os concorrentes são observados 24 horas por dia, e por isso a privacidade não abunda. Mas a maior invasão da privacidade está no aproveitamento da informação dada pelos concorrentes nos questionários a que estes respondem.

Em termos da forma de reagir às várias situações, podemos comparar estes concorrentes com os políticos. Estes últimos são mais controlados, respondendo calmamente e não entrando naquilo que os jornalistas perguntam em tom acusatório ou na tentativa de obter uma resposta bombástica para publicar logo de seguida.

Realmente a Casa dos Segredos (e programas similares) é uma forma de humanos fazerem experiências com outros humanos :)

Vídeo do dia

Uma perspectiva interessante. 
Concordo com alguns pontos, outros mais difíceis de concretizar na vida real.


Canção do dia (Gayatri Mantra)


Frase do dia

O que dás, receberás.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Canção do dia (Gangnam Style)

Quase um terço da população da aldeia já viu este vídeo. Eu também. E tu?


Aldeia, quantas como tu?

Era uma vez uma aldeia distante, cuja população vivia descontente devido às más condições de vida.
Nessa aldeia a população escolhia de livre vontade o conselho de administração a cada quatro anos, mas a cada eleição a vida das pessoas piorava gradualmente. Como era uma aldeia antiga e conservadora, eram principalmente as várias famílias que se candidatavam ao conselho. Por isso, cada conselho de administração era, na prática, uma família da aldeia.
Apesar de haver liberdade de voto, nos últimos 50 anos todos os conselhos tinham sido formados por apenas duas famílias. A razão era por questões históricas. Acontece que 50 anos atrás a aldeia era governada por um rei muito mau, severo e que ignorava as necessidades da população. Tinha uma vida confortável, de luxo e de fartura enquanto as pessoas lutavam para se manterem vivas. Na época, duas famílias uniram-se secretamente para conspirar contra o rei e para o depôr. Ao longo de meses planearam uma forma de se livrarem do rei, até que numa noite invadiram o palácio, neutralizaram os guardas e prenderam o rei. Este seria expulso da aldeia com uma mão à frente e outra atrás literalmente...
Assim, as duas famílias ganharam enorme prestígio na aldeia e, por isso, a população confiou-lhes o poder de governar, tal era o entusiasmo pelo final do reinado. Mas rapidamente as duas famílias aprenderam a apreciar o poder e começaram a usá-lo para proveito próprio. De vez em quando a população ficava insatisfeita com uma das famílias e elegia a outra para o conselho. Mas algum tempo depois novamente a família no poder demonstrava aproveitar-se da sua posição para obter luxos e regalias. Durante 50 anos as duas famílias alternaram no conselho, fingindo defender a população, sendo que na realidade apenas lutavam entre si na busca da posição mais alta. 

No presente, a população já não sabia como actuar. Outras famílias mais modestas procuravam eleger-se, mas muitos só tinham conhecido as duas famílias no poder e, apesar de tudo, não confiavam em mais nenhuma no dia da eleição. Alguns ainda tinham a nostalgia do dia em que o rei tinha sido deposto e ainda viam as duas famílias como dignas de comandar a aldeia. Outros, mais novos, não tinham essa memória. Somente sentiam que devia haver melhor. Que podia ser melhor...e não era. Viam as famílias mais pequenas de boa fé a tentar ajudar a aldeia, mas as duas famílias principais eram mais influentes e faziam crer a todos os outros que só cada uma delas é que tinha condições para pertencer ao conselho. "As outras famílias", diziam, " nunca fizeram nada pela aldeia, não saberiam como governar a aldeia." Argumento fraco, mas forte para os de fraca compreensão. Um acto bom não dura para sempre. E não dá permissão para actos menos bons que se lhe sigam. E as outras famílias não têm experiência (nunca lhe deram uma oportunidade), mas têm boa-vontade, motivação e desejo de partilhar com todos os recursos da aldeia e de dar uma vida digna a toda a população. A realidade é que as duas famílias já não tinham o espírito de há 50 atrás...

Aproximava-se o dia das eleições para o conselho seguinte, e de boca em boca passava a ideia de que a família do conselho seria derrotada, dando lugar à outra família principal. Não que a outra família fosse melhor, mas porque estavam fartos da actual. Cada família insultava-se mutuamente, lembrando cada erro do passado e, a população, como criança assistindo a uma discussão dos seus pais, observava silenciosamente, sentindo a sua insignificância e conformada de que nada iria mudar...

Como esta aldeia e esta população, há muitas mais. Mas tal como o rei foi afastado e o poder renovado, também a vida nesta aldeia será renovada. E eu ainda estarei cá para assistir a essa mudança.

Frase do dia

Quando o chef não cozinha e há malta com fome, alguém tem de cozinhar.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Frase do dia

Ser a favor é melhor do que ser contra.

Canção do dia (Cry for the moon)


Ana Rita



Nunca percebi o porquê de alguns pais registarem as suas filhas como “Ana Rita” se pretendem chamar-lhes “Rita” todos os dias para o resto da vida. Teria sido mais simples registá-las como “Rita”, certo?
Para quê o nome “Ana”? Não é auto-suficiente, precisa de um segundo nome para lhe dar mais força?
E as Ritas quando forem trabalhar e lidarem com N pessoas, muitas delas chamadas “Ana Rita” e “Rita”? A confusão que começará a haver quando a Raquel envia um e-mail para a Ana Rita Martins (ana.martins@empresa.pt), mas como a Raquel a conhece como “Rita” vai tentar enviar para rita.martins@empresa.pt. Por acaso a Rita Martins também existe e recebe um e-mail que não é para ela, mas fica com informações que não deveria ter.

Já vos aconteceu descobrir que afinal a Rita se chama "Ana Rita" e pensar "o que mais não saberei dela se nem o nome sei..."?

Por isso, esta história de dar um nome e chamar outro, vai dar mais enleios do que outra coisa…


P.S. – “Anas Margaridas”, “Anas Catarinas” e “Josés Miguéis” vocês também são dos mesmos...

António Costa e a maioria absoluta

Há já algum tempo que queria escrever sobre este tema.
Ao longo do período "António Costa" (disputa da liderança do PS com António José Seguro, reacções a detenção de José Sócrates e eleição para Secretário-Geral do PS), muito se tem falado. Tem-se falado de como tem abordado determinados temas, como tem não-abordado outros temas e ainda apontado quase subliminarmente como o primeiro-ministro que Portugal precisa. Isto porque entra no concurso de comparações com António José Seguro e Pedro Passos Coelho. É relativamente fácil ficar bem visto ao ser comparado com estas figuras... E a comunicação social tem, à sua forma imparcial, promovido Costa, ao seguir-lhe todas as pisadas e gravando as suas palavras como se de mel se tratasse.
Posto isto, o que quero dizer é muito simples: depois de tanto se falar com Costa e de Costa, o principal foco de António Costa é conseguir a maioria absoluta! E eu pergunto: Para quê?! Quais são as políticas que pretende seguir que merecem que alguém lhe dê a maioria absoluta? Antes de mais, quais são as políticas que pretende seguir? 
Até agora a mensagem que passou de Costa foi: 1) quero a maioria absoluta e 2) vou repôr aquilo que o governo actual tirou. Isto é inaceitável e só demonstra que:
1) Costa e o PS vão continuar na mesma linha de actuação que já deram a conhecer aos Portugueses desde o 25 de Abril;
2) Costa e o PS têm a arrogância de acreditar que vão ganhar as eleições;
3) Costa e o PS acreditam que os Portugueses ainda confiam neles;
4) Costa e o PS não vão fazer O debate de ideias que faz falta para Portugal ter um conjunto de políticas coordenado, integrado e de desenvolvimento que se sinta ao nível da população.

Mais: o PS tem um bocado a mania de pedir "maiorias absolutas". Penso que Guterres e Sócrates já o fizeram. Mas quem são eles para acharem que merecem uma maioria absoluta? Ainda têm de trabalhar muito para nós irmos na conversa...

P.S. - Depois de 40 anos pós 25 de Abril, será que o PS e os outros partidos não mostraram já tudo o que eram capazes de fazer? Um mau treinador de futebol quando é despedido do clube nunca mais volta. Uma ex-namorada que nos fez trinta por uma linha não volta a ser nossa namorada. Por que razão certos partidos continuam a voltar?

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Canção do dia - Como uma onda no mar

Para ouvirem enquanto lêem o artigo...


Os cachorrinhos que não sabiam brincar

Era uma vez dois cachorrinhos, Alpha e Apolo, que viviam numa casa de família. Um casal com um filho e uma filha.

Os cachorrinhos eram alegres, brincalhões e cheios de energia. Quando chegavam os donos, os cachorrinhos de imediato saltavam de alegria e ladravam à volta deles. Os donos, casal mal-disposto e sisudo e os filhos, crianças à imagem dos pais, rapidamente travavam tal agitação. Aproximavam-se dos cachorinhos e batiam-lhes na cabeça com o pau de uma vassoura velha dizendo-lhes "Párem já com esse barulho, já não os posso ouvir. Querem que vos mande para a rua?" Os cachorrinhos, ainda tontos com as pancadas, acalmavam e encolhiam-se a um canto escuro, na esperança de que os donos ali não os vissem e achassem que ali estariam a ter o comportamento correcto. A pouco e pouco os cachorrinhos perdiam a sua alegria natural. Pouco ladravam, pouco se mexiam. Já sabiam que não valia a pena demonstrarem sinais de alegria junto dos seus donos, embora naqueles momentos em que os donos estavam fora, aproveitassem para brincar um pouco um com o outro e fazer tudo aquilo a que um cachorrinho instintivamente anseia por fazer. 
Passaram-se alguns anos e os cachorrinhos tornaram-se cães magros, pairando pela casa, sem motivação para viver cada novo dia. Os donos continuavam a ser severos sem razão aparente, pois Alpha e Apolo sempre foram bem comportados e obedientes. Um dia, os donos trouxeram para casa um cachorrinho. Alpha chegou-se ao pé dele e perguntou-lhe:
- Como te chamas?
- O meu nome é Juba. Foi a filha dos donos que me deu o nome. No princípio não gostei muito, mas agora já me habituei.
- Bem-vindo à nossa casa Juba. Chamo-me Alpha. O que vieste cá fazer?
- Bem, acho que a filha dos donos queria um cachorrinho porque vocês não brincavam com ela e ouvi os donos a dizerem que os cães da casa já eram velhos e que se calhar era melhor trocá-los por um mais novo. Por isso, aqui estou eu...
- Oh, mas se eles estão sempre a bater-nos e a ralhar-nos porque brincamos e saltamos! - disse Apolo.
- É verdade Apolo, mas tens de ver que eles não compreendem isso. Não podemos fazer nada, eles são mesmo assim. - disse Alpha.
- Aqui com o Juba vai ser diferente. Comigo vamos conseguir brincar, saltar, ladrar e a tudo a que temos direito!
- Vai com calma Juba...Isto aqui não é assim, vais perceber que não é tão fácil como pensas... - disse-lhe Alpha.

Os dias passaram e Juba, sendo irrequieto e bem-disposto, corria e ladrava pela casa. Desta vez, os donos não lhe ralhavam, mas Alpha e Apolo não deixavam de ser alvos dos sermões dos donos. Era por estarem sempre na casota ou por deixarem um pouco de comida na tigela ou porque haviam meia-dúzia de pêlos junto à casota. Por tudo e por nada. Ainda assim, Juba sentia-se livre e feliz por viver naquela casa. Mas também observava Alpha e Apolo. Será que ele um dia seria como eles? Os donos começariam a ralhar com ele e a impedi-lo de brincar, como ele tanto gostava?...

Um dia, Alpha ficou doente e os donos levaram-no ao veterinário. Quando regressaram a casa, Alpha não estava com eles... Juba e Apolo perceberam que Alpha nunca regressaria e que a partir daquele momento seriam apenas os dois. Juba crescia rapidamente e já conhecia todos os cantos da casa. A filha do casal raramente brincava com ele, por isso a maior parte do tempo era passada com Apolo, que agora era o seu modelo, o seu companheiro de brincadeiras... Mas não muitas brincadeiras. Sempre que estava a brincar com Apolo e os donos chegavam, começou a sentir uma certa reprovação e um dia a dona até lhe disse "Juba, és um cachorro muito mau. És feio!" 

Juba percebeu naquele momento que a sua vida tinha acabado de mudar. Os seus dias de correrias e brincadeiras não voltariam. Finalmente, entendeu o que Alpha e Apolo lhe disseram no dia em que se conheceram. Ele não era diferente dos outros, seria o próximo Alpha ou Apolo. Após aquela frase forte da dona, encolheu-se e muito devagarinho foi deitar-se amuado na sua casota pequena e húmida. Juba pensava "Eu não sou mau nem feio. Por que disse ela aquelas coisas? Talvez eu deva começar a correr menos ou estar mais sossegado para os donos não ralharem comigo. Talvez fiquem contentes comigo." Assim o fez. Juba mudou. Já não ladrava, não corria, não saltava, comia tudo da sua tigela e não mordia nem uma pontinha do tecido do sofá. Era agora tristonho e mole. Mas nem assim os donos paravam de reclamar com Juba e Apolo. Encontravam sempre algo para lhes apontar. Apolo já nem ligava, de tanto que sofreu, mas Juba tinha um espírito que o impedia de se conformar completamente. Só não sabia o que mais fazer. Qualquer acção sua, boa ou má, tinha o mesmo resultado.

Às vezes, os donos tinham outras pessoas lá em casa, amigos ou vizinhos. Uma das vezes, a dona e outra mulher foram à cozinha, onde estavam Juba e Apolo nas suas casotas, meio a dormir, meio na esperança de não voltarem a acordar. A mulher disse para a dona:
- O que têm os teus cães? Parecem tão mortiços...
- Sei lá, sempre foram assim. Dou-lhes comida e água todos os dias. Não têm razão para estarem sempre deitados. Já o outro cão que tivemos era assim...
- Sim, mas olha que não é normal os cães estarem com este aspecto. Costumas fazer-lhes festas, passear com eles ou assim?
- Ora, precisam lá eles de festas e de passear. Eles bem podem andar pela casa e se lhes der mimo é que não me têm respeito. E nem tenho tempo para isso.
- Pois, tu é que sabes, mas a minha opinião é que eles deviam ter mais actividade, senão qualquer dia ficam doentes...
Entretanto, a dona e a outra mulher voltaram para a sala onde estavam os respectivos maridos e filhos. Juba e Apolo continuaram tal como estavam nas suas casotas, como se ninguém tivesse por ali passado sequer.
No dia seguinte, a dona passou pelas casotas e, ao ver Juba e Apolo deitados, lembrou-se da conversa do dia anterior. Será que a amiga teria razão? Afinal ela também tinha cães em casa, alguma coisa saberia. Lembrou-se de que quando Alpha ficou doente, o veterinário lhe disse que ele tinha aspecto de não libertar as suas energias, o que em alguns casos afectava o peso. Pensava a sério nisso pela primeira vez. A magreza de Alpha também era a consequência da redução do seu apetite, algo a que a dona nunca tinha dado importância. Talvez quando lhe ralhava constantemente por ter deixado comida na tigela ela deveria ter reparado. Mas agora era tarde. Já não podia fazer nada por Alpha.

Como que iluminada, a dona chegou-se ao pé de Juba e Apolo, abaixou-se e fez uma festa na cabeça de Juba, talvez por ser ainda cachorrinho e mais engraçado do que Apolo. Juba despertou e sentiu uma estranheza naquele gesto. Não conseguia tirar grande prazer daquela festa, pois tinha um misto de desconfiança sobre o que viria a seguir com o bem que sabia aquele toque. A dona continuava a fazer-lhes festas e ganhou coragem para as estender a Apolo com a outra mão. Agora era Apolo que se via agraciado com aquele toque suave, mas que se podia, a qualquer momento, transformar numa dor causada por um pau de vassoura. Essa dor já ele conhecia, por isso mais valia aproveitar a massagem sobre a sua cabeça. De seguida, a dona levantou-se e Juba e Apolo encolheram-se rapidamente pois vinha aí a esperada pancada acompanhada pelas palavras duras. Mas em vez disso, a dona disse-lhes:
- Juba, Apolo, vamos! Levantem-se, vamos correr lá para fora!
Abriu a porta da cozinha que fazia ligação ao quintal e fez-lhes sinal para avançarem. Juba e Apolo não entendiam o que estava a acontecer. Será que lhes ia bater lá fora? O que tinham feito desta vez?
Lentamente e a medo, levantaram-se e dirigiram-se à porta.
- Juba, Apolo, vamos brincar! - disse a dona numa alegria que a própria ainda estava a treinar.
- Raqueeel! Pedrooo! Venham para o quintal brincar com os cães!
As duas crianças ainda demoraram a chegar, mas vieram a correr sem perceber o que tinha dado à mãe para querer brincar com os cães.
 Estavam agora todos no quintal, em cima da relva onde havia bastante espaço para os cães correrem, escavarem e morderem na mangueira espalhada ao longo da relva.
Juba e Apolo estavam ainda na expectativa do que iria acontecer. Não fazia sentido aquele novo comportamento...
- Apolo, Juba apanhem o disco, corram!
Apolo e Juba viram o disco a percorrer o ar, sentiram o instinto de correr para o apanhar, de o morder até à exaustão, mas ficaram imóveis. Paralisados. Tinham controlado tanto os seus instintos e desejos que agora não reagiam. Sabiam o que queriam fazer, mas ao mesmo tempo não o faziam, tinham medo das consequências. 
Por fora, eram cão e cachorrinho, mas os cachorrinhos que tinham sido há muito tempo atrás aprenderam a não brincar, e agora, no presente, já não sabiam brincar...


Tipo

Se és daquelas pessoas que...tipo...dizem a palavra "tipo" mais do que...tipo...não sei quantas vezes, então...tipo...este post é...tipo...para ti.

Por favor deixem de falar assim!
A palavra "tipo" não acrescenta nada à mensagem que estão a querer passar.
Hoje são os adolescentes que falam assim e ainda alguns na casa dos 20. Mas qualquer dia, chegarão aos 30, 40, por aí fora e gostava de não ouvir na televisão pessoas supostamente de responsabilidade a dizerem:


Comemoramos hoje...tipo...o 5 de outubro, a data fundadora da nossa República, o regime em que...tipo...nos orgulhamos de viver.
Numa República, não existem...tipo...privilégios de nascimento ou...tipo...de classe social. Todos são...tipo...iguais em dignidade e direitos.
Numa República, ninguém está...tipo...acima da lei. As leis são...tipo...aprovadas pelos legítimos representantes dos cidadãos e aplicadas por...tipo...tribunais que administram...tipo...a justiça em nome do povo.

Texto baseado no discurso do Presidente da República.


Para ser preso

Nesta notícia é dito o seguinte:
O advogado de José Sócrates, João Araújo, disse ao PÚBLICO que o seu cliente “veio para [Portugal] para ser preso”

Qual é o cidadão que, acreditando ser inocente, se coloca deliberadamente na posição de ser preso? Não faz sentido...

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Canção do dia (Good Fight)


Subvenções vitalícias

Ontem foi votada e aprovada uma proposta para repôr as subvenções vitalícias a ex-políticos.
Na comunicação social haviam comentadores e telespectadores a protestar contra esta proposta, referindo que era "imoral", "uma vergonha" e que era completamente desajustada à realidade do país.

Hoje, surge a notícia do Expresso que informa que, após uma noite de reuniões e conversas, a proposta foi retirada. Quando li o título da notícia assumi que esta teria sido retirada devido às reacções de revolta e de insatisfação dos cidadãos. Mas não. Não foi esta a razão. De acordo com esta notícia, a proposta foi retirada para evitar "guerras internas" nos partidos (PS e PSD). É bom saber qual é a hierarquia de prioridades na consciência destas pessoas...

Em primeiro lugar, estas subvenções nem sequer deveriam existir. Em segundo lugar,  estas subvenções nunca deveriam ter existido...
Como é que se pode aceitar que uma pessoa tenha direito a um valor monetário significativo e vitalício após 12 anos de mandato? Um cidadão comum trabalha 30-40 anos para ter direito à reforma e habitualmente é relativamente baixa. E contribuiu mais do que a maioria dos ex-políticos. E esforçou-se mais do que a maioria dos ex-políticos. E teve um melhor desempenho do que a maioria dos ex-políticos. Há cidadãos de nível A e B no mesmo país? Sim, já sabemos que há.

Neste artigo do Público, é dito o seguinte:

"Esta benesse foi criada em 1985 e permitia aos deputados com apenas oito anos de serviço terem direito a uma subvenção para o resto da vida."

e ainda
"e calhar até fez sentido atribuir aos políticos algumas benesses, como o subsídio de reintegração. Seria uma forma de evitar que para a política viessem apenas os medíocres que não conseguiram ter um emprego bem pago no sector privado"

O autor do artigo, Pedro Sousa Carvalho, diz muito bem quando refere que esta realidade entretanto mudou. Por isso, se a base (1) que sustentava a necessidade de atribuir subvenções vitalícias mudou, então a acção resultante tem de mudar. Ainda assim, estas subvenções são injustificadas. E porquê?

Aqui vai (2):
  1. É desproporcionado atribuir uma subvenção para o resto da vida com base em 8 ou 12 anos de trabalho. Nem que o ex-político fosse um Einstein!
  2. Muitos dos ex-políticos não o foram em regime de exclusividade, por isso não estavam completamente dedicados às funções para as quais foram eleitos (a exclusividade era um ponto usado para justificar esta benesse). E muitos dos actuais políticos mantêm pelo menos duas actividades. Os contratos para os privados muitas vezes exigem um regime de exclusividade. E não dão nenhum bónus por isso. Pois, os deputados, têm um bónus de 370 euros (perto de um ordenado mínimo).
  3. Os resultados apresentados pelos políticos deixam muito a desejar. Se o vencimento base + outras regalias já é acima daquilo que produzem, então dar um bónus para o resto da vida é um prémio não merecido.
  4. O facto de os ex-políticos saírem de cargos políticos e ficarem livres para o mercado de trabalho não os torna frágeis nem os coloca numa posição difícil para encontrarem emprego. Muito pelo contrário. São habitualmente pessoas com estudos acima da média, com contactos a níveis elevados (tudo obtido ao longos das funções políticas) e com conhecimentos previligiados. Vão encontrar emprego num instante. Não precisam de ajuda para o resto da vida nem de subvenções de integração. Acabem com isto já!
  5. Esta subvenção não afastou os medíocres de virem para a política. Pelo contrário. Provavelmente até tem atraído... Percebeu-se que é possível fazer carreira da política e de certeza que o (muito) dinheiro fácil atrai mais os medíocres do que os bons profissionais. Por sinal, os bons profissionais até têm alguma aversão a entrarem na política porque não estão dispostos a um mundo que nada tem a ver com eles. Por isso, sobram os medíocres. Estes recebem bem acima de qualquer privado com o mesmo nível de conhecimentos e experiência, na prática não são responsabilizados pelas suas acções, trabalham a um rítmo que seria inaceitável em qualquer empresa privada, e na prática o nível de esforço requerido é baixo para quem se sente confortável no mundo do "blá-blá-blá" inconsequente... Já agora, sabiam que na cantina da Assembleia da República só há do bom e do melhor, os deputados pagam uma ninharia pelo almoço e que entretanto o subsídio de alimentação do cidadão comum é taxado a partir de 4.27€ (em dinheiro) e 6.84€ (em vale)? Sim, por favor, matem-nos à fome aos poucos. Quando emigrarem todos ou estiverem todos no cemitério, governarão as moscas.
Em suma, acabem já com estas subvenções.

Notas:
(1) Para mim uma base duvidosa.
(2) De certeza que há políticos e ex-políticos competentes, interessados no bem do seu país e que merecem o que recebem (excluindo a subvenção vitalícia). O problema é que eu não sei quais são esses políticos.

Desafio

Os desafios que vão passando de pessoa em pessoa na Internet estão na moda. Por exemplo, comer/beber alimentos que causam reacções fortes no corpo, segurar na mão em gelo com sal até queimar a mão. Depois, estes corajosos, desafiam outros a fazer o mesmo numa cadeia interminável...

E que tal um desafio útil, inteligente, relevante? Sim? 
Pois, o meu primeiro desafio é identificarem um desafio para iniciar aqui nos próximos dias. Avancem com as vossas ideias!

Frase do dia

Se sabes, faz. Se não sabes, procura...

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Houve tempos em que o emprego era para toda a vida...
Depois, talvez a partir dos anos 90, começou a instalar-se a ideia de que essa concepção estaria desactualizada e que cada emprego duraria 10 anos, 5 anos ou até menos. No fundo, vários empregos ao longo da vida.
Percorrendo a década de 90 e os primeiros anos do século XXI, observámos as pessoas a mudarem de emprego com mais frequência, a cada 2 ou 4 anos, na perspectiva de melhorar o seu vencimento ou as condições de trabalho no seu todo ou ainda na busca de tarefas mais desafiantes.
Hoje, e desde há alguns anos, temos vindo a aproximar-nos do outro extremo (1), ou seja, o emprego que dura meses, 1 ano ou no máximo 2 anos. "O que se passou aqui?", podem perguntar alguns. A resposta certa é habitualmente a soma de vários factores. A chamada "crise" é um deles. As alterações ao Código do Trabalho também pode ser outro. Ou até a falta de confiança/vontade das empresas para contratar recursos sem termo. Mas há mais um factor que me parece ter intensificado esta tendência: os estágios profissionais de 12 meses comparticipados pelo IEFP. Pois é. Esta medida que aparentemente iria estimular as empresas a contratar jovens (e não só), inserindo-os no mercado de trabalho e rejuvenescendo as empresas, está a ser utilizada de forma perversa pelas empresas. Será que os autores desta medida  consideraram a cultura empresarial que vigora em muitas das organizações?
De forma resumida, vamos lá perceber o que está a acontecer. "Eu tenho uma empresa e preciso de uma pessoa para trabalhar, contrato um jovem que seja elegível para o estágio comparticipado, pago-lhe 45% (2) do ordenado e após 12 meses mando-o embora e volto a contratar outro jovem nas mesmas condições. Isto indefinidamente... Sou um empresário mesmo inteligente." Pois, és um empresário estúpido (3) e com falta de visão. E porquê? É que estes jovens que andam por aí em empregos de 12 meses vão crescer, deixar de ser jovens e ainda deixam de ficar elegíveis para o tal estágio após alguns anos. Vão estar anos com empregos instáveis, a receber ordenados que não ajudam a construir uma vida (e muitas vezes uma família) (4), valorizam-se pouco porque vão estar pouco tempo na função (insuficiente para consolidar a experiência) e no fim nem sequer são contratados.
Os empresários que têm este tipo de actuação estão a prejudicar-se a eles próprios, pois estão a contribuir para uma sociedade mais frágil, baseada em vencimentos baixos e em pessoas com pouca esperança no futuro (5). Eles próprios receberão reformas da Segurança Social (esperemos que sim) cujos montantes serão provenientes de pessoas como estes seus empregados. E se houver muita gente com vencimentos baixos, vão contribuir com menos para os senhores empresários. E se houver muita gente na idade activa sem emprego (porque os jovens entram e os outros são considerados velhos), vão contribuir com menos para os senhores empresários. Parabéns, é este o resultado.
Mas isto não deve afectar certos empresários, dado que aquilo que pouparam com este tipo de actuação, permitirá assegurar os anos finais. Mas devia afectar, porque estes empresários também são pessoas, também têm filhos, também têm netos. E todos estamos ligados de alguma forma.

Penso que a ideia está transmitida.

E como para um problema tem de haver uma proposta de solução (6), vou enumerar alguns pontos para consideração de quem contrata jovens ou pessoas com outros perfis para estágios do tipo que referi:
  1. Assumir que está a contratar alguém para um período relativamente longo. A pessoa contratada tem de sentir que está numa empresa que lhe proporcionará um futuro e que só sairá em caso de incompetência, falta de profissionalismo, falência da empresa ou outra razão mais extrema e compreensível. A pessoa contratada vai demonstrar mais compromisso com as tarefas executadas, estará mais motivada, irá indirectamente motivar os colegas e contribuir para um melhor ambiente na empresa, adquirirá um conhecimento mais profundo do negócio da empresa, transmitirá uma boa imagem da empresa para o exterior e será mais feliz também junto dos seus amigos e familiares.
  2. Reconhecer que o efeito em cadeia de contratar barato por curtos períodos de tempo e usar as pessoas como componentes facilmente substituíveis tem um custo elevado tanto para a empresa como para os contratados e para a sociedade em geral. O custo monetário de curto prazo é só um dos custos. E talvez o menos relevante. Será que um contratado com os dias contados vai conseguir dar o seu melhor? Há pessoas que conseguem, mas devem ser uma minoria. Será que uma empresa que substitui pessoas com tanta indiferença transmite uma boa imagem aos recursos já efectivos? Os efectivos sentir-se-ão realmente seguros? E os custos de não se poder planear a vida, por instabilidade na carreira?
  3. Após o tempo de estágio (ou ainda antes se já for possível reconhecer o valor da pessoa), preparar um plano de inserção efectivo na empresa. Muitas vezes as empresas são pequenas e o plano pode-se traduzir numa pequena conversa entre empregador e pessoa contratada sobre a sua continuidade. Por exemplo, a pessoa contratada passará a desempenhar uma nova função, pois o estágio já a preparou para isso ou manterá as funções actuais, pois a pessoa é mesmo necessária e demonstra boas capacidades.
  4. Substituir a mentalidade "exploradora" (de explorar os empregados) por uma mentalidade win-win entre empresa e empregados/colaboradores. O estagiário precisa de emprego, vai ser remunerado e adquirir experiência, mas a empresa vai ter um conjunto de tarefas executadas e o seu negócio é beneficiado. O ponto 1. já lista alguns dos benefícios derivados dessa mentalidade.
  5. Durante o estágio, o estagiário tem de sentir que faz parte da empresa e que não é um outsider. O sentimento de pertença é hoje muito relevante no ambiente de trabalho. A falta deste sentimento combinado com outros factores pode fazer a pessoa desejar sair do local de trabalho.
Qual é a vossa opinião em relação a estes estágios?

Notas:
(1) O primeiro extremo é o emprego para toda a vida.
(2) Ver "Ficha Síntese Estágios Emprego" em https://www.iefp.pt/estagios
Ficha Síntese Estágios Emprego
Ficha Síntese Estágios Emprego
(3) Ao reler a frase substituir por "explorador sem vergonha".
(4) Isto também justifica o porquê de muitos jovens (e menos jovens) ainda viverem com os pais e de eles próprios serem pais mais tarde (ou nunca). Aqui chegamos a uma cadeia de problemas que geram outros problemas: emprego instável -> constituição de família tardia -> (pais e mães mais velhos + taxa de natalidade baixa + falta de capacidade financeira para adquirir habitação -> menos vendas de habitações + menos pessoas a contribuir para a Segurança Social -> tantos problemas derivados dos anteriores...
Ah, e até é benéfico que os jovens e os seus pais possam passar mais tempo juntos, mas não é saudável quando a origem é uma situação próxima da pobreza...
(5) Em Portugal, muitas ofertas de emprego restrigem os candidatos pela idade, sendo que pessoas com mais de 30/35 anos já ficam de fora. Se a pessoa não tiver construído um CV sólido e atractivo até estas idades como é que poderá ter esperança no futuro?
(6) A maioria das pessoas tem por hábito só fazer 50% do trabalho, ou seja, queixam-se infinitamente do problema, enumeram todos os pontos negativos, as suas insatisfações, esperneiam e esbracejam de todas as maneiras e, depois...nada. Soluções é o que queremos.

P.S. - Os empregos via empresas de trabalho temporário também estão a dar cabo da sociedade. Talvez um tema para um outro tópico.